Alça de Henle e ductos coletores

Alça de Henle:

   A alça de Henle é uma estrutura tubular em forma de U composta por três segmentos com características histológicas distintas a seguir:

  • Segmento fino (delgado) descendente: revestido por epitélio simples pavimentoso, é permeável à água e participa intensamente no equilíbrio osmótico entre o filtrado tubular e o interstício medular. Além disso, nos néfrons justamedulares, esse segmento é longo e contribui para a formação de um gradiente osmótico crescente da junção corticomedular até a medula profunda.
  • Segmento fino (delgado) ascendente: também com epitélio pavimentoso simples, é impermeável à água, mas permite movimento passivo de sais, principalmente ureia e cloreto, dependendo do ambiente intersticial.
  • Segmento espesso ascendente: revestido por epitélio cúbico simples, semelhante ao túbulo contorcido distal. É impermeável à água e especializado no transporte ativo de cloreto de sódio para o interstício, contribuindo decisivamente para o sistema multiplicador de contracorrente, que estabelece o gradiente osmótico necessário à concentração urinária.

   Os néfrons justamedulares, com alças longas que penetram profundamente na medula renal, são essenciais para a produção de urina hipertônica, enquanto os néfrons corticais, com alças curtas, têm menor participação nesse processo. Dessa forma, esse arranjo histológico e funcional permite a modulação do volume e da osmolaridade urinária pelos rins, sendo fundamental para a conservação de água no organismo.

Ductos coletores:

   Os túbulos coletores recebem a urina dos túbulos contorcidos distais e seguem um trajeto retilíneo até os ductos coletores, que se dirigem às papilas renais. De forma histológica, esses túbulos são inicialmente revestidos por epitélio cúbico com diâmetro de cerca de 40 µm, que se torna progressivamente mais alto até atingir epitélio cilíndrico nos ductos coletores, o qual o diâmetro pode chegar a 200 µm. Suas células possuem citoplasma fracamente corado pela eosina, contornos celulares bem definidos, aparência clara ao microscópio eletrônico e escassez de organelas.

   Essas estruturas participam ativamente da concentração da urina. Na ausência de hormônio antidiurético (ADH), suas células são impermeáveis à água, mantendo a urina diluída. Na presença de ADH, tornam-se permeáveis à água e ureia, permitindo reabsorção hídrica e concentração da urina, à medida que o túbulo coletor atravessa os gradientes osmóticos da medula renal. A ureia também contribui significativamente para o aumento da osmolaridade do interstício medular interno, favorecendo ainda mais a concentração urinária.